quarta-feira, 29 de maio de 2019

Heresias de Amoris Laetitia: PROPOSIÇÃO 2


29-maio-2019

Proposição 2

A Igreja reconhece a existência de situações [“irregulares”, isto é, nas quais os divorciados vivem numa nova união] em que ‘o homem e a mulher, por motivos sérios – como, por exemplo, a educação dos filhos – não se podem separar’ (João Paulo II, Exort. ap. Familiaris consortio (22 de Novembro de 1981), 84: AAS 74 (1982), 186. NOTA DE RODAPÉ: Nestas situações, muitos, conhecendo e aceitando a possibilidade de conviver ‘como irmão e irmã’ que a Igreja lhes oferece, assinalam que, se faltam algumas expressões de intimidade, ‘não raro se põe em risco a fidelidade e se compromete o bem da prole’ (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 51).” (Francisco, Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, 19 de março de 2016, n. 298, grifo e entre [ ] é nosso; a nota de rodapé é do próprio documento) – Classificação: Herética.

NOTA NOSSA: No contexto do n. 298, as referidas situações são “irregulares” nas quais os divorciados vivem numa nova união, e ainda como marido e mulher: “Os divorciados que vivem numa nova união...” (n. 298).

Proposição herética: A Igreja permite, sustenta, defende ou apóia que adúlteros, ou divorciados recasados, ou pessoas que se divorciaram de um válido casamento e se uniram em nova união carnal marido/mulher, em determinados casos concretos, não podem se separar, nem dissolver a nova união, ou novo casamento; não podem, ou não é aconselhável, interromperem seu adultério, mas antes, devem prosseguir firmes e estáveis na nova união, e praticando atos sexuais deliberada e continuamente. Viverem como irmão e irmã pressupõe a autorização ou o direito ou a permissão de praticarem atos sexuais ou íntimos entre si, e inclusive lhes pode ser aconselhável ou prudente praticar atos sexuais e íntimos entre si. Divorciados recasados, ou em nova união marido/mulher, ao aceitarem viver como irmão e irmã, possuem o direito, ou lhes é permitido ou aconselhável, viverem como marido e mulher, inclusive praticando atos sexuais ou de intimidade. Em determinados casos, quem permanece em adultério ou em fornicação tem o apoio e a aprovação da Igreja.

COMENTÁRIO: Consequência lógica da Proposição 1 - que recusa reconhecer como adultério ou pecado mortal a união carnal/sexual entre duas pessoas, sempre e qual for a situação do caso concreto – esta heresia advoga a moralidade, a permissividade ou a necessidade de dar continuidade ao adultério, isto é, à nova união entre duas pessoas após divórcio, ou dar continuidade à uma situação de fornicação. Esta segunda proposição deturpa e falsifica uma suposta permissão que a Igreja teria dado em casos extremos para que os divorciados recasados em nova união, por motivos graves, como o cuidado dos filhos, poderiam coabitar, porém como “irmão e irmã” – autorização, aliás, cuja legitimidade, validade e moralidade é bastante questionável. Contudo, indo ainda mais longe, esta heresia de Amoris Laetitia corrompe tal suposta possibilidade em favor do adultério ou da fornicação.

Doutrina Católica:

“Não procedereis conforme os costumes do Egito onde habitastes, ou de Canaã aonde vos conduzi: não seguireis seus costumes. Praticareis meus preceitos e observareis minhas leis e a elas obedecereis. Eu sou o Senhor, vosso Deus. Observareis meus preceitos e minhas leis, pois o homem que o observar viverá por eles. Eu sou o Senhor. (...) Não dormirás com a mulher de teu próximo, contaminando-te com ela. (...) Vós, porém, observareis minhas leis e minhas ordens e não cometereis nenhuma dessas abominações, tanto o aborígene como o estrangeiro que habita no meio de vós, porque todas essas abominações cometeram os habitantes da terra que vos precederam e a terra está contaminada. (...) Todos aqueles, com efeito, que cometerem qualquer dessas abominações, serão cortados do meio de seu povo. Guardareis, pois, os meus mandamentos, e não seguireis nenhum dos costumes abomináveis que se praticavam antes de vós, e não vos contaminareis por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus.” (Lv 18, 1-30, grifo nosso).

“Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai: é a nudez de teu pai. Nem a de tua irmã, filha de teu pai ou de tua mãe, nascida na casa ou fora dela.” (Lv 18, 8-9).

Disse Jesus à mulher que fora apanhada em adultério: “Vai e não tornes a pecar” (Jo 8, 11), e não: Continues pecando!

“Contudo, se depois de ter repudiado sua mulher, ele se casar com outra, então ele também comete adultério” (Hermas de Roma, O Pastor: NABETO, C. M. A Fé Cristã Primitiva, n. 3654).

“Esposos separados não devem contrair outro casamento, mas devem se reconciliar ou viver como estando separados.” (Sínodo de Cartago XI (405), cân. 8º: NABETO, C. M. A Fé Cristã Primitiva, n. 3663).

“É preciso, portanto, ensinar que a penitência do cristão depois da queda é de natureza muito diferente da penitência batismal e consiste não só em cessar de pecar e em detestar os pecados, ou seja, num ‘coração contrito e humilhado’ [Sl 51, 19], mas também na confissão sacramental dos mesmos...” (Concílio de Trento, 6ª sessão, 13 jan. 1547, Decreto sobre a justificação, cap. 14: Dezinger-Hünermann, 1543, grifo nosso).

“Com isto defende-se o ensinamento da lei divina, que exclui do reino de Deus não somente os infiéis, mas também os fiéis fornicadores, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avaros, bêbados, caluniadores, cobiçosos [cf. 1 Cor 6, 9s] e todos os outros que cometem pecados mortais, dos quais com o auxílio da graça poderiam abster-se e por causa dos quais são separados da graça de Cristo.” (Concílio de Trento, 6ª sessão, 13 jan. 1547, Decreto sobre a justificação, cap. 15: Dezinger-Hünermann, 1544).

“A contrição, que tem o primeiro lugar entre os mencionados atos do penitente, é uma dor da alma e detestação do pecado cometido, com o propósito de não tornar a pecar. Este movimento de contrição foi necessário em todo o tempo para se alcançar o perdão dos pecados. (...) Declara, pois, o santo Sínodo que esta contrição encerra não só a cessação do pecado e o propósito e início de uma nova vida, mas também o ódio da vida passada, conforme as palavras: ‘Lançai longe de vós todas as vossas maldades em que prevaricastes e fazei-vos um coração novo e um espírito novo’ [Ez 18, 31].” (Concílio de Trento, 14ª sessão, 25 nov. 1551, Doutrina sobre o sacramento da penitência, cap. 4: Dezinger-Hünermann, 1676).

“É errado, pois, julgar a moralidade dos atos humanos considerando só a intenção que os inspira ou as circunstâncias (meio ambiente, pressão social, constrangimento ou necessidade de agir etc) que compõem o quadro. Existem atos que por si mesmos e em si mesmos, independentemente das circunstâncias e intenções, são sempre gravemente ilícitos, em virtude de seu objeto: a blasfêmia e o perjúrio, o homicídio e o adultério. Não é permitido praticar um mal para que dele resulte um bem.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1756).

“Uma intenção boa (por exemplo, ajudar o próximo) não torna bom nem justo um comportamento desordenado em si mesmo (como a mentira e a maledicência).” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1753).

“O objeto da escolha por si só pode viciar o conjunto de determinado agir. Existem comportamentos concretos - como a fornicação - cuja escolha é sempre errônea, pois escolhê-los significa uma desordem da vontade, isto é, um mal moral.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1755).

“ ‘Não se pode justificar uma ação má, embora feita com boa intenção.’ (S. Tomás de Aquino). O fim não justifica os meios.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1759).

“O ato sexual deve ocorrer exclusivamente no casamento; fora dele, é sempre um pecado grave e exclui da comunhão sacramental.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2390 in fine).

O adultério. Esta palavra designa a infidelidade conjugal. Quando dois parceiros, dos quais ao menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo efêmera, cometem adultério. Cristo condena o adultério mesmo de simples desejo. O sexto mandamento e o Novo Testamento proscrevem absolutamente o adultério. Os profetas denunciam sua gravidade. Vêem no adultério a figura do pecado de idolatria.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2380, grifo nosso).

domingo, 26 de maio de 2019

Meditação: A VIDA ESCONDIDA


Fonte: Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Vivendo a Quaresma. Campos dos Goytacazes – RJ: Edições Apostólica, 2010.

1 – Durante a Sua vida terrena, Jesus comprazeu-Se em esconder a divindade sob as aparências humanas, salvo raras exceções, sobretudo nos trinta anos que precederam a Sua vida apostólica, nunca deixou transparecer nada da Sua grandeza, sabedoria e onipotência infinitas. Mais tarde, nos anos da vida pública, quis adaptar-se à maneira tão imperfeita de viver e agir dos Seus apóstolos, Ele que lhes era infinitamente superior. Jesus é verdadeiramente o Deus escondido e ensina-nos, com o Seu exemplo, o valor da vida escondida.

[Pausa...]

Se queres imitar profundamente a humildade de Jesus, deves participar da Sua vida oculta, encobrindo como Ele, tudo quanto possa atrair a atenção e o louvor dos outros, escondendo tudo o que te possa singularizar ou fazer notar, fugindo, tanto quanto te for possível, de qualquer sinal de distinção. “Ama o viver desconhecido e ser tido por nada”, porque assim serás mais semelhante a Jesus “que, sendo Deus, quis tomar a forma de escravo e ser semelhante, no Seu exterior, a um homem qualquer”.

[Pausa...]

O próprio Jesus nos ensinou a prática da vida escondida insistindo em que façamos o bem em segredo, sem ostentação, só para agradar a Deus. Ensina-te assim a guardar segredo sobre a tua vida interior e as tuas relações com Ele: “quando quiseres orar, entra no teu quarto e fecha a porta”. Ensina-te ainda a ocultar aos outros as tuas mortificações e penitências: “quando jejuares, unge a tua cabeça e lava o teu rosto”; ensina-te a não pores em evidência as tuas boas obras: “quando deres esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a direita, porque todos os que fazem as suas boas obras diante dos homens para serem vistos por eles... já receberam a sua recompensa e não terão a recompensa do Pai celeste” (cfr. Mt 6, 1-18).

[Pausa...]

2 – “Agir pura e unicamente para agradar a Deus, sem nunca querer... o testemunho de olhares humanos”, foi o programa de Santa Teresa Margarida do Coração de Jesus, a Santa da vida escondida. Querendo reservar unicamente para Deus o dom completo de si mesma, esforçou-se tanto quanto pode, por esconder aos olhos das criaturas a riqueza da sua vida interior, o heroísmo das suas virtudes, de modo que a sua vida foi a plena realização do lema “viver só com Deus só”.

[Pausa...]

A alma que procura ainda a aprovação, o louvor e a estima das criaturas, não vive só com Deus só, a sua vida interior não poderá ser profunda, nem as suas relações com Deus muito íntimas. Esta alma vive ainda à superfície. E assim preocupada com as aparências externas, com o que os outros poderão pensar ou dizer dela, facilmente se deixará arrastar, na sua maneira de proceder, pelo respeito humano, pelo desejo de conquistar a benevolência e a estima alheias. Por isso, na sua conduta, faltará frequentemente à simplicidade, à pureza de intenção, talvez mesmo à sinceridade. O sobrenatural está nela ainda demasiado mesclado de humano para que possa dominar a sua vida e, de fato, age muitas vezes, não para agradar a Deus e para Lhe dar glória, mas para agradar aos homens, para conquistar-lhes o afeto e alcançar uma posição mais ou menos honrosa.

[Pausa...]

Quando “nos surpreendermos a desejar o que brilha – dizia Santa Tereza do Menino Jesus – enfileiremos humildemente entre os imperfeitos e consideremo-nos almas fracas que Deus deve amparar a cada instante”. E a própria Santa fazia para si este pedido: “Ó Jesus fazei que eu seja calcada aos pés, esquecida como um grão de areia”.

[Pausa...]

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Heresias de Amoris Laetitia: PROPOSIÇÃO 1


22-maio-2019

Proposição 1

“A Igreja possui uma sólida reflexão sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes. Por isso, já não é possível dizer que todos os que estão numa situação chamada ‘irregular’ vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante.” (Francisco, Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, 19 de março de 2016, n. 301, grifo nosso) – Classificação: Herética.

Ecclesia firma mentis animaeque consideratione fulcitur adiunctisque extenuantibus dat rationem. Quapropter, iam dici non potest omnes, qui in quadam “irregulari”, quae dicitur, vivunt condicione, in statu esse peccati mortalis gratiaeque sanctificantis expertes.”

Conceito de “situação irregular” segundo o próprio documento:

No n. 298, a Exortação Apostólica Amoris Laetitia descreve como exemplos os vários tipos das situações denominadas “irregulares”. Conforme o referido n. 298 do próprio documento, todas estas situações irregulares têm em comum entre si: o divórcio seguido de uma segunda união marido/mulher. E, conforme o mesmo n. 298, são as situações irregulares ali exemplificadas aquelas a serem objeto de discernimento por parte dos pastores:

Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral. [seguem-se os exemplos das diferentes situações irregulares]” (Francisco, Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, 19 de março de 2016, n. 298, início do parágrafo, grifo e entre [ ] é nosso).

“Quanto ao modo de tratar as várias situações chamadas ‘irregulares’, os Padres sinodais chegaram a um consenso geral que eu sustento: ‘Na abordagem pastoral das pessoas que contraíram matrimónio civil, que são divorciadas novamente casadas, ou que simplesmente convivem...” (Francisco, Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, 19 de março de 2016, n. 297, grifo nosso).

Transcrição completa do n. 298: “Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral. Uma coisa é uma segunda união consolidada no tempo, com novos filhos, com fidelidade comprovada, dedicação generosa, compromisso cristão, consciência da irregularidade da sua situação e grande dificuldade para voltar atrás sem sentir, em consciência, que se cairia em novas culpas. A Igreja reconhece a existência de situações em que ‘o homem e a mulher, por motivos sérios – como, por exemplo, a educação dos filhos - não se podem separar’ [ver RODAPÉ]. Há também o caso daqueles que fizeram grandes esforços para salvar o primeiro matrimónio e sofreram um abandono injusto, ou o caso daqueles que ‘contraíram uma segunda união em vista da educação dos filhos, e, às vezes, estão subjectivamente certos em consciência de que o precedente matrimónio, irremediavelmente destruído, nunca tinha sido válido’ [ver RODAPÉ]. Coisa diferente, porém, é uma nova união que vem dum divórcio recente, com todas as consequências de sofrimento e confusão que afetam os filhos e famílias inteiras, ou a situação de alguém que faltou repetidamente aos seus compromissos familiares. Deve ficar claro que este não é o ideal que o Evangelho propõe para o matrimónio e a família. Os Padres sinodais afirmaram que o discernimento dos pastores sempre se deve fazer ‘distinguindo adequadamente’ [ver RODAPÉ], com um olhar que discirna bem as situações. Sabemos que não existem ‘receitas simples’ [ver RODAPÉ].” (Francisco, Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, 19 de março de 2016, n. 298, grifo nosso e entre [ ] é nosso).


Portanto, conforme já dito, todas as diferentes situações denominadas “irregulares” pelo documento, a serem objeto de renovado discernimento pastoral, têm em comum o divórcio seguido de uma segunda união marido/mulher.

Proposição Herética: Não é sempre que o adultério e a fornicação constituem pecado grave/mortal. O divórcio de um casamento válido seguido de uma nova união marido/mulher não é necessariamente adultério; não constitui sempre pecado mortal; não é sempre que priva os que se unem em nova união da graça santificante; e não os impede de obter a salvação eterna. Quem comete adultério, ou se divorcia e se envolve em nova união, não necessariamente peca mortalmente. Quem fornica não necessariamente peca mortalmente.

COMENTÁRIO: Esta é a heresia principal e central do documento Amoris Laetitia. Todas as demais heresias, erros graves ou leves do Capítulo VIII decorrem desta heresia ou a ela conduzem. O documento fala de família, casamento, sexualidade. E esta heresia é que vai permitir o relativismo sexual, cuja licitude será confirmada até mesmo pelo Sacramento da Comunhão. É tão audaciosa quanto perversa a redação do documento quando diz “já não é possível”, para introduzir uma nova norma religiosa, resultante de uma suposta descoberta que vai modificar toda a Doutrina precedente. Contudo, a condenação desta heresia é tão antiga quanto a própria Igreja.

Doutrina Católica:

“Os fariseus vieram perguntar-lhe para pô-lo à prova: ‘É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?’. Respondeu-lhes Jesus: ‘Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu’. Disseram-lhe eles: ‘Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la?’. Jesus respondeu-lhes: ‘É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério’.” (Mt 19, 3-9).

“Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o por à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher. Ele respondeu-lhes: ‘Que vos ordenou Moisés?’. Eles responderam: ‘Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher’. Continuou Jesus: ‘Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa Lei; mas, no princípio da Criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu’. Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto. E ele disse-lhes: ‘Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério’.” (Mc 10, 2-12).

“Todo o que abandonar sua mulher e casar com outra comete adultério; e quem se casar com a mulher rejeitada, comete adultério também.” (Lc 16, 18).

“Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus.” (1 Cor 6, 9-10).

“Contudo, se depois de ter repudiado sua mulher, ele se casar com outra, então ele também comete adultério” (Hermas de Roma, O Pastor: NABETO, C. M. A Fé Cristã Primitiva, n. 3654).

“Aos que, segundo a lei humana, contraem um segundo casamento (...) [são] culpados diante de nosso Mestre (...) Aquele que desposa uma mulher repudiada por outro [em razão de adultério], comete [também] adultério” (S. Justino Mártir, 1ª Apologia 15,3.6: NABETO, C. M. A Fé Cristã Primitiva, n. 3655).

“A Escritura diz: ‘Quem deixa sua mulher e casa com outra, comete adultério’, não permitindo deixar aquela cuja virgindade desfez, nem casar-se novamente” (Atenágoras de Atenas, Súplica pelos Cristãos 33: NABETO, C. M. A Fé Cristã Primitiva, n. 3657).

“Esposos separados não devem contrair outro casamento, mas devem se reconciliar ou viver como estando separados.” (Sínodo de Cartago XI (405), cân. 8º: NABETO, C. M. A Fé Cristã Primitiva, n. 3663).

“O primeiro pai do gênero humano, por inspiração do Espírito Santo, proclamou o vínculo perpétuo e indissolúvel do matrimônio, quando disse: ‘Isto, sim, é osso dos meus ossos e carne de minha carne. Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e apegar-se-á a sua esposa, e serão dois em uma só carne’ [Gn 2, 23s; cf. Mt 19, 5; Ef 5, 31].” (Concílio de Trento, 24ª sessão, 11 nov. 1563, Doutrina e cânones sobre o sacramento do matrimônio: Dezinger-Hünermann, 1797).

“O Cristo Senhor ensinou o mais claramente possível que por este vínculo somente dois se podem associar e unir, quando citando as palavras acima como proferidas por Deus, disse: ‘Assim já não são dois, mas uma só carne’ [Mt 19, 6], e a seguir confirmou com estas palavras a firmeza de tal vínculo, antes proclamado somente por Adão: ‘Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe’ [Mt 19, 6; Mc 10, 9].” (Concílio de Trento, 24ª sessão, 11 nov. 1563, Doutrina e cânones sobre o sacramento do matrimônio: Dezinger-Hünermann, 1798).

“O divórcio é uma ofensa grave à lei natural. Pretende romper o contrato livremente consentido pelos esposos de viver um com o outro até a morte. O divórcio lesa a Aliança de salvação da qual o matrimônio sacramental é o sinal. O fato de contrair nova união, mesmo que reconhecida pela lei civil, aumenta a gravidade da ruptura; o cônjuge recasado passa a encontrar-se em situação de adultério público e permanente” (Catecismo da Igreja Católica n. 2384).

“É errado, pois, julgar a moralidade dos atos humanos considerando só a intenção que os inspira ou as circunstâncias (meio ambiente, pressão social, constrangimento ou necessidade de agir etc) que compõem o quadro. Existem atos que por si mesmos e em si mesmos, independentemente das circunstâncias e intenções, são sempre gravemente ilícitos, em virtude de seu objeto: a blasfêmia e o perjúrio, o homicídio e o adultério. Não é permitido praticar um mal para que dele resulte um bem.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1756).

Definição de adultério: “O adultério. Esta palavra designa a infidelidade conjugal. Quando dois parceiros, dos quais ao menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo efêmera, cometem adultério. Cristo condena o adultério mesmo de simples desejo. O sexto mandamento e o Novo Testamento proscrevem absolutamente o adultério. Os profetas denunciam sua gravidade. Vêem no adultério a figura do pecado de idolatria.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2380, grifo nosso).

E se o casamento tiver sido inválido, apesar de ainda não ter sido declarada a nulidade?

Neste caso, os que se encontram nas denominadas situações “irregulares” estariam cometendo de forma deliberada a fornicação, que também é pecado mortal e priva da graça santificante em qualquer circunstância:

“Outros exemplos de doutrinas morais, ensinadas como definitivas pelo Magistério ordinário e universal da Igreja, são o ensinamento sobre a iliceidade tanto da prostituição como da fornicação.” (Congregação para a Doutrina da Fé, Nota doutrinal explicativa da fórmula conclusiva da Professio fidei, 29 jun. 1998, n. 11).

“O objeto da escolha por si só pode viciar o conjunto de determinado agir. Existem comportamentos concretos - como a fornicação - cuja escolha é sempre errônea, pois escolhê-los significa uma desordem da vontade, isto é, um mal moral.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1755).

Definição de fornicação: “A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos. Além disso, é um escândalo grave quando há corrupção de jovens.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2353, grifo nosso).

domingo, 19 de maio de 2019

Meditação: O PECADO


Fonte: Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Vivendo a Quaresma. Campos dos Goytacazes – RJ: Edições Apostólica, 2010.

1 – A essência da perfeição cristã consiste na união com Deus por meio da caridade. Mas, enquanto a caridade, conformando a nossa vontade com a vontade divina, nos une a Deus, o pecado grave, opondo-se diretamente à vontade de Deus, produz o efeito contrário. Por outras palavras, a caridade é a força que une o homem a Deus, e o pecado é a força que o separa de Deus.

[Pausa...]

O pecado grave é, assim, o maior inimigo da vida espiritual, pois não só atenta contra ela, mas destrói-a nos seus elementos constitutivos, caridade e graça. E esta destruição, esta morte espiritual, é a inevitável consequência do pecado, ato com que o homem se separa voluntariamente de Deus, única fonte de vida, de caridade e de graça. Como o ramo não pode viver separado do tronco, assim a alma não pode viver separada de Deus.

[Pausa...]

Se Deus, como causa de todo o ser, está sempre presente na alma do pecador – do mesmo modo como está presente em todas as coisas – contudo não está como Pai, como Hóspede, como Trindade que Se oferece à alma como objeto de conhecimento e amor. Assim a alma, criada para ser templo da Santíssima Trindade, tornou-se voluntariamente incapaz de viver em sociedade com as três Pessoas divinas, fechou ela própria o caminho para a união com Deus e, por assim dizer, constrange Deus a cortar as relações de amizade com ela. E tudo isto por ter preferido o bem limitado e caduco duma criatura miserável, duma satisfação egoísta, dum prazer terreno, ao sumo Bem que é Deus. Eis a malícia do pecado, que repudia o dom divino, que atraiçoa o Criador, o Pai, o Amigo.

[Pausa...]

2 – Se quisermos compreender melhor a malícia do pecado mortal, devemos considerar os seus efeitos desastrosos. Um só pecado transformou Lúcifer, num instante, de anjo de luz em anjo das trevas, em inimigo eterno de Deus. Um só pecado destituiu Adão e Eva do estado de graça e de amizade com Deus, privando-os de todos os dons sobrenaturais e preternaturais, condenando-os à morte e, com eles, toda a humanidade. Um só pecado bastou para cavar um abismo entre Deus e os homens, para impedir ao gênero humano toda a possibilidade de união com Deus.

[Pausa...]

Porém, mais que tudo isto, a Paixão de Jesus diz-nos a grande malícia e a força destruidora do pecado. Os membros dilacerados de Cristo e a Sua dolorosíssima morte de cruz dizem-nos que o pecado é uma espécie de deicídio. Por causa dos nossos pecados, Jesus, o mais formoso dos filhos dos homens, tornou-Se “desprezado, o último dos homens, um homem de dores... Foi ferido por causa das nossas iniquidades” de tal modo que “desde a planta do pé até ao alto da cabeça não há nele nada são” (Is 53, 3-5; 1, 6). O pecado martirizou Cristo e conduziu-o à morte, mas no entanto, Cristo foi para a Paixão e para a morte “porque ele mesmo quis”, porque com Sua morte quis destruir o pecado e restabelecer o homem na amizade divina.

[Pausa...]

Jesus, nossa Cabeça, convida-nos a nós, Seus membros, a associarmo-nos à Sua obra destruidora do pecado: destruí-lo em nós até às suas mais profundas raízes, ou seja, nas suas más tendências, e destruí-lo também nos outros membros. Esta é uma lei de solidariedade, pois que o mal de um é o mal do outro porque cada pecado pesa sobre todo o mundo e tenta deslocar o seu eixo de Deus. Por isso cada cristão – especialmente a alma consagrada a Deus – deve sentir-se profundamente interessado nesta luta contra o pecado e deve combatê-lo com os meios apropriados: com a penitência, com a oração expiatória e sobretudo com o amor. O amor de caridade, se é perfeito, destrói melhor o pecado que o fogo do purgatório, mesmo sem manifestação externa. Eis porque todos os santos puderam converter tantas almas; Deus serviu-Se do fogo da sua caridade para destruir o pecado nos pecadores.

[Pausa...]

terça-feira, 14 de maio de 2019

Manifesto TRADICIONALISMO E CATOLICISMO nº 1/2019 – Sobre o movimento Tradicionalismo e Catolicismo


Santo Antônio de Pádua – RJ, 14 de maio de 2019

1) Tem como objetivo geral promover o Catolicismo Tradicional e a Moral, opondo-se ao progressismo religioso e ao modernismo teológico.

1. Definições

2) Tradição: 1 herança cultural passada oralmente através das gerações; 2 conjunto dos valores religiosos, morais, espirituais etc, transmitidos de geração em geração.

Tradicionalismo: forte ligação com as tradições. Mobilidade que se propõe à defesa da Tradição.

Tradição Católica: O conjunto de tudo aquilo que sempre fora objeto de Fé definitiva, ou sempre fora tido como necessário à salvação eterna, ou sempre fora tido como necessário para manutenção da Fé Católica e Apostólica; explícito na profissão de Fé, ou implícito na práxis constante, ou na maneira de ser, da Igreja; crido e conservado por todos os católicos dispersos pelo mundo, ou pelo consenso universal dos fiéis da Igreja Católica; em todas as épocas e em todos os lugares; ainda que não esteja contido na Escritura Sagrada (Bíblia) e ainda que não tenha sido declarado em juízo solene pelo Magistério Eclesiástico. Juntamente com a Sagrada Escritura, a Tradição constitui parte da Revelação Divina, e fora transmitida pelos Apóstolos daquilo que receberam dos ensinamentos ou exemplos de Jesus Cristo ou sob moção do Espírito Santo. Ela é objeto de conservação e transmissão pela Igreja Católica: “a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita” (Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, n. 8). Esta Tradição (com “T” maiúsculo) se distingue das tradições eclesiásticas católicas pelo caráter definitivo, dogmático e estável da primeira e pela transitoriedade, não obrigatoriedade, ou reformabilidade destas últimas.

“E na própria Igreja Católica deve-se procurar a todo custo que nos atenhamos ao que, em toda a parte, sempre e por todos foi professado como de fé, pois isto é próprio e verdadeiramente católico, como o diz a índole mesma do vocábulo, que abarca a globalidade das coisas. Ora obtê-lo-emos se seguirmos a universalidade, a antiguidade e o consentimento. Pois bem: seguiremos a universalidade se professarmos como única fé a que é professada em todo o orbe da terra pela Igreja inteira; a antiguidade, se não nos afastarmos do sentir manifesto de nossos santos pais e antepassados; enfim, o consentimento, se na mesma antiguidade recorrermos às sentenças e resoluções de todos ou quase todos os sacerdotes e mestres” (S. Vicente de Lérins, Comonitório: NABETO, C. M. A Fé Cristã Primitiva, n. 302).

2. Alguns posicionamentos

3) Não se reconhece o progressismo como verdadeiro catolicismo.

4) Uma pessoa taxada de “progressista” pode ser mais católica que outra taxada de “tradicionalista”, porém uma Igreja progressista jamais, e em hipótese alguma, é mais católica que uma Igreja tradicionalista. São duas Igrejas necessariamente distintas em Fé, Doutrina, Moral, Liturgia, Espiritualidade etc – não são unidas.

5) A ortodoxia de uma Igreja, seja ela tradicionalista ou seja ela progressista, se julga pela Fé professada e vivida nos atos comuns (ou comunitários) [os atos da comunidade eclesial têm que ser coerentes com a Fé professada], pelo ensino da Doutrina Católica e pela sua prática em comunidade, ou, pelo modo de ser institucional ou institucionalizado.

Tanto se for progressista quanto se for tradicionalista, se institucionalmente decair da Fé, ou não ensinar ou não praticar institucionalmente a Doutrina Tradicional da Igreja Católica, ou se vier a tornar-se um lugar sagrado tomado pela abominação da desolação e pela profanação sistêmica, então não pode ser considerada Igreja verdadeira, ainda que sua sucessão apostólica seja válida. Então, ter-se-ia uma falsa Igreja católica.

Porque já está prevista a Grande Profanação do lugar santo, isto é, do templo de Israel, da Jerusalém judaica, dos templos católicos e a queda de inúmeras Igrejas orientais e ocidentais, outrora verdadeiramente católicas - que passam a ser dominadas pelos pagãos, infiéis, modernistas infiltrados e demônios (destruidores da religião, do templo, da Liturgia e dos lugares e coisas sagradas) - “morada dos demônios, prisão dos espíritos imundos e das aves impuras e abomináveis” (Ap 18, 2). As grandes profanações anunciam o fim do mundo, mas também o extermínio de um povo por outro ao longo da história. A Igreja continuará em algum lugar, mas muitos povos e Estados serão exterminados e também perderão a Fé:

“E, ante o progresso crescente da iniquidade, a caridade de muitos esfriará... Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel (9, 27) – o leitor entenda bem -, então os habitantes da Judéia fujam para as montanhas... Então, se alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo! Ou: Ei-lo acolá!, não creiais. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de seduzir, se isso fosse possível, até mesmo os escolhidos. Eis que estais prevenidos. Se, pois, vos disserem: Vinde, ele está no deserto, não saiais. Ou: Lá está ele em casa, não o creiais... Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres” (Mt 24, 12-28, grifo nosso).

Quando virdes a abominação da desolação no lugar onde não deve estar – o leitor entenda -, então os que estiverem na Judéia fujam para os montes... E se então alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo; ou: Ei-lo acolá, não creiais. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão sinais e portentos para seduzir, se possível for, até os escolhidos. Ficai de sobreaviso. Eis que vos preveni de tudo.” (Mc 13, 14-23, grifo nosso).

Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína. Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes... e Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações pagãs” (Lc 21, 20-24, grifo nosso).

“Ouvi outra voz do céu que dizia: Meu povo, sai de seu meio para que não participes de seus pecados e não tenhas parte nas suas pragas, porque seus pecados se acumularam até o céu, e Deus se lembrou das suas injustiças.” (Ap 18, 4-5, grifo nosso).

Deus jamais tolera a profanação (Lv 10, 1-11; Mt 21, 12-13; Mc 11, 15-17; Lc 19, 45-46; Jo 2, 13-17; 1 Cor 11, 17-34 etc), e por isso, manda que Seu povo saia imediatamente, abandone rapidamente e sem escrúpulos o lugar santo sistematicamente profanado, conforme visto acima. O mesmo valendo para a Liturgia e atos de culto.

6) Não existe Igreja tradicionalista. O termo “tradicionalista” fora inventado para designar ou diferenciar aqueles que desejavam permanecer fiéis à Tradição Católica daqueles que promoviam reformas radicais e destrutivas dentro das instituições católicas. Estes últimos passaram a ser conhecidos por “progressistas”, que em nome de progresso, adaptação aos tempos modernos, abertura ao mundo, desenvolvimento e evolução, não respeitaram nem a imutável Doutrina da Fé, o Culto oferecido a Deus, os lugares santos, e, ao invés, promoveram suas reformas destrutivas da religião católica, isto é, a “auto-demolição da Igreja” e a destruição da tradicional maneira de ser da Igreja. Tradicionalistas são os que se recusaram a reformar e destruir o catolicismo e o ser da Igreja Católica, fazendo frente e oposição aos progressistas. Igreja tradicionalista não é outra coisa senão a continuidade no tempo da Igreja pré-Concílio Vaticano II. Como as radicais reformas progressistas foram apoiadas por autoridades eclesiásticas do Vaticano e mesmo por Papas, obviamente isto suscitou nos tradicionalistas uma postura de resistência, desobediência e afastamento em relação às autoridades romanas e a todos os que aderiam à destruição da Igreja Católica.

7) Nem todas as reformas são inadmissíveis, senão aquelas que, piorando o estado das coisas, violam o dogma, a Moral – fazendo sucumbir a Fé e desacreditando a Revelação Divina -, prejudicam a salvação eterna das almas, induzem e encorajam as pessoas a cometerem pecados, relaxam e distraem as pessoas, destroem a piedade e o respeito para com Deus, profanam os atos de culto e os lugares sagrados – sacrilégios -, destroem as instituições da Igreja e ainda a desedificam, desqualificam-na e denigrem sua imagem no mundo o qual ela deveria salvar, transformando a seriedade da religião num passatempo, numa manifestação cultural, artística ou folclórica, ou numa brincadeira e deboche para com Deus.

8) Não é permitido a um católico ser um “caniço agitado pelo vento” e não se deve andar com as modas, pois a Igreja não tem modas, mas deve o católico fundamentar-se em sólida e imutável base doutrinária.

“Pois a doutrina da fé, que Deus revelou, não foi proposta como uma descoberta filosófica a ser aperfeiçoada pelas mentes humanas, mas foi entregue à Esposa de Cristo como um depósito divino, a ser por ela fielmente guardada e infalivelmente declarada. Daí que sempre se deve manter aquele sentido dos sagrados dogmas que a santa mãe Igreja uma vez declarou, e jamais, nem a título de uma inteligência mais elevada, é permitido afastar-se deste sentido. ‘Cresçam, pois, e multipliquem-se abundantemente, tanto em cada um como em todos, tanto no indivíduo como em toda a Igreja, segundo o progresso das idades e dos séculos, a inteligência, a ciência e a sabedoria, mas somente no gênero próprio dela, isto é, no mesmo dogma, no mesmo sentido e na mesma sentença’ (Vicente de Lérins, Commonitorium primum 23, n. 3).” (Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática Dei Filius, 3ª sessão, 24 abr. 1870, cap. 4: Dezinger-Hünermann, 3020).

“Se alguém disser que, às vezes, conforme o progresso das ciências, se pode atribuir aos dogmas propostos pela Igreja um sentido diverso daquele que ensinou e ensina a Igreja: seja anátema.” (Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática Dei Filius, 3ª sessão, 24 abr. 1870, Cânones, Sobre fé e razão, cân. 3: Dezinger-Hünermann, 3043).

3. Profissão de Fé

9) Nossa profissão de fé define nosso ponto de vista religioso e é o Credo Católico, acrescido, ao final, por três parágrafos de aprofundamento técnico-teológico:

“Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e Se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há-de vir em Sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o Seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. Professo um só baptismo para remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos, e a vida do mundo que há-de vir. Amém.

Creio também firmemente em tudo o que está contido na palavra de Deus, escrita ou
transmitida pela tradição, e é proposto pela Igreja, de forma solene ou pelo Magistério ordinário e universal, para ser acreditado como divinamente revelado.


De igual modo aceito firmemente e guardo tudo o que, acerca da doutrina da fé e dos costumes, é proposto de modo definitivo pela mesma Igreja.

Adiro ainda, com religioso obséquio da vontade e da inteligência, aos ensinamentos que o Romano Pontífice ou o Colégio Episcopal propõem quando exercem o Magistério autêntico, ainda que não entendam proclamá-los com um acto definitivo.”.

Acrescentamos ainda que ninguém é, e nem poderá ser, obrigado a obedecer qualquer autoridade que seja, e nem a aderir ao que, sob qualquer forma de autoridade, é imposto ou proposto, em tudo aquilo que seja prejudicial ou destrutivo da Fé Católica ou que ponha em risco a salvação eterna, tendo em vista que todos, pastores e leigos, estão subordinados à Lei Divina da qual a Igreja verdadeira e a legítima autoridade são fiéis guardiãs e infalíveis transmissoras.

sábado, 11 de maio de 2019

Leitura Espiritual: O PECADO E SUAS CONSEQUÊNCIAS


“O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como ‘uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna’ ”(Catecismo da Igreja Católica, n. 1849).

Deus criou o homem a partir da infinita sabedoria e liberdade típicas do Deus único e verdadeiro; o homem criado para viver e existir segundo a suprema Lei de seu Criador. O homem era feliz, não sofria, não morria e vivia em perfeita paz com tudo e com todos e também com o seu Senhor e Criador. Não lhe faltava nada, mas tudo possuía em abundância segundo a natureza humana. E Deus gostava disso e via que isso era bom.

Dissociando sua liberdade da justiça e da verdade, o homem rompe com seu Criador, torna-se arbitrário e inimigo de Deus, desejando evoluir de criatura para Senhor de todos e de tudo – como se possível fosse -, e assim incorre na sua mais brutal e cruel arrogância; desejando ser Deus, mas seguindo a invejosa e decaída criatura do Tentador.

De dominador sobre as aves do céu, sobre os peixes do mar e sobre toda a terra, o homem será, a partir de então, um ser humilhado, perturbado, envergonhado e até mesmo rebaixado. Receberá a zombaria e o deboche do Tentador, que lhe lançará na cara que não tens grandes poderes sobre a terra, embora tivesse mentirosamente dito anteriormente que o homem poderia ser Deus. O que o diabo não conseguiu para si, enganou o homem dizendo que este poderia conseguir se seguisse as recomendações daquele ser decaído, sofrido, derrotado e desapontado.

Deus fez o homem livre e gostou disso e dizia que isto era bom. Não retirou a liberdade humana, deixou o homem se esfacelar. Mas, sendo onipotente e onisciente que é, oferecerá ao homem a oportunidade de resgate e retorno à primitiva felicidade, e ainda evoluída para uma felicidade eterna da qual ninguém nunca mais poderá decair, desmascarando o homem e o diabo, e impondo a ambos que somente Ele é Deus e Senhor e somente Ele pode oferecer a satisfação. Aos revoltados que não desejarem regressar ao lugar do qual foram tirados, restar-lhes-á o papel de servidores das cortes demoníacas, tão perversas quanto tristes e aborrecidas.

As consequências do pecado e o resgate

Disse Deus à mulher: “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio” (Gn 3, 16).

E ao homem disse: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar” (Gn 3, 17-19).

São as dramáticas e tristes consequências do pecado, que desafiarão a vida terrena do homem, que fará tudo para as contornar, mas somente será plenamente libertado quando passar da vida presente para melhor. Deus não as desejou, mas as permitiu. Porém, entre as consequências do pecado existe também o resgate ou remissão. Ofereceu-nos o Senhor, mas somente para os que livremente aceitarem, isto é, para quem quiser reatar sua liberdade à justiça e à verdade:

“No Verbo havia vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam... Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.” (cfr. Jo 1, 4-13).

“... a Lei foi dada por Moisés, enquanto a graça e a verdade vieram juntamente com o próprio Verbo” (cfr. Jo 1, 17).

A nova vida

A vida na graça é a nova vida que nos fora oferecida por meio do resgate do sacrifício do calvário - hóstia pura, santa e imaculada oferecida a Deus pelo sacerdote puro, santo e imaculado, Jesus Cristo -, que a todos oferece o renascimento, desta vez um nascimento de Deus, que concede a força para o cumprimento da Lei Divina emanada por Ele, cuja vontade e ordem fora descumprida nas origens a favor de uma mentira. É por isso que no Batismo recebemos a veste nupcial da graça, que nos une a Deus como filhos. Que bom seria se mantivéssemos tão preciosa veste puríssima! Agora somos criaturas novas com vida nova, por meio do sacrifício de Jesus Cristo!

As quedas e reincidências

“Na raiz das lacerações pessoais e sociais, que ofendem em vária medida o valor e a dignidade da pessoa humana, encontra-se uma ferida no íntimo do homem: ‘À luz da fé chamamos-lhe pecado: a começar do pecado original, que cada um traz consigo desde o nascimento, como uma herança recebida dos primeiros pais, até ao pecado que cada um comete, abusando da própria liberdade’ (João Paulo II, Reconciliatio et paenitentia, 2).

A consequência do pecado, enquanto ato de separação de Deus, é precisamente a alienação, isto é, a ruptura do homem não só com Deus, como também consigo mesmo, com os demais homens e com o mundo circunstante: ‘A ruptura com Deus desemboca dramaticamente na divisão entre os irmãos.

Na descrição do ‘primeiro pecado’, a ruptura com Iahweh espedaçou, ao mesmo tempo, o fio da amizade que unia a família humana; tanto assim que as páginas do Gênesis que se seguem nos mostram o homem e a mulher, como que a apontarem com o dedo acusador um contra o outro; o irmão que, hostil ao irmão, acaba por tirar-lhe a vida. Segundo a narração dos fatos de Babel, a consequência do pecado é a desagregação da família humana, que já começara com o primeiro pecado e agora chega ao extremo na sua forma social’ (João Paulo II, Reconciliatio et paenitentia, 15). Refletindo sobre o mistério do pecado, não se pode deixar de considerar esta trágica concatenação de causa e efeito.” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 116).

“O mistério do pecado se compõe de uma dúplice ferida, que o pecador abre no
seu próprio flanco e na relação com o próximo. Por isso se pode falar de pecado
pessoal e social: todo pecado é pessoal sob um aspecto; sob outro aspecto, todo
pecado é social, enquanto e porque tem também consequências sociais.


O pecado, em sentido verdadeiro e próprio, é sempre um ato da pessoa, porque é um ato de liberdade de um homem, individualmente considerado, e não propriamente de um grupo ou de uma comunidade, mas a cada pecado se pode atribuir indiscutivelmente o caráter de pecado social, tendo em conta o fato de que ‘em virtude de uma solidariedade humana tão misteriosa e imperceptível quanto real e concreta, o pecado de cada um repercute, de algum modo, sobre os outros’ (João Paulo II, Reconciliatio et paenitentia, 16).” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 117).

Não te esqueças meu irmão que qualquer pecado que cometas estás a gerar um verdadeiro inferno. Não te esqueças que os outros também são vítimas de teus pecados. E lembre-te que o Criador e único Senhor te cobrará das graças desperdiçadas, da falta de vigilância e oração, da dissipação que fizeste dos teus bens, da opulência que esbanjaste diante da miséria e pobreza de teu irmão que recusaste socorrer - não a título de caridade ou bela iniciativa, mas a título de justiça -, dos momentos em que estavas pecando, ostentando, vivendo no luxo, vangloriando-se, cheio de vaidades e sensualidades, tirando onda diante de teu próximo, humilhando ainda mais os oprimidos, esquecendo-te dos doentes, entregando-te às paixões desordenadas, à impureza, às extravagâncias, aos vícios, enquanto teu irmão mendigava humilhado. Açambarcando os teus bens e matando de privação milhares de pessoas. Transformando a terra num prostíbulo, profanando a Igreja do Senhor e, estando louco, dormias em teu travesseiro como se nada de mal estivesse cometendo...

Ponhamos mão em nossa consciência: É-nos justo esbanjar, dissipar e aprazermos em delícias e paixões, enquanto a outros não é reconhecido o mínimo de dignidade humana? Pois bem, o justo Juiz nos chamará e deveremos nos lembrar dos destinos do pobre Lázaro e do rico opulão!

Lembra-te de orientar tua liberdade para o que é justo e verdadeiro, pois um dia serás julgado por um Juiz que faz justiça e que é a própria verdade. Assim, terás os Mandamentos em estima e desejarás a graça para cumpri-los todos.

Lembra-te dos Mandamentos do Senhor para que a terra e a Igreja de Deus possam também gozar de alguma paz, pois somos todos responsáveis pelos seus males, e também aqui seremos castigados se não nos emendarmos:

“Não fareis ídolos. Não levantareis estátuas nem estelas. Não poreis em vossa terra pedra alguma adornada de figuras, para vos prostrardes diante dela, porque eu sou o Senhor, vosso Deus. Guardareis os meus sábados e reverenciareis o meu santuário. Eu sou o Senhor. Se seguirdes minhas leis e guardardes os meus preceitos e os praticardes, eu vos darei a chuva nos seus tempos. A terra dará o seu produto e as árvores da terra se carregarão de frutos. A debulha do trigo se estenderá até a colheita da uva, e a colheita da uva até a sementeira; comereis o vosso pão à saciedade, e habitareis em segurança na vossa terra. Darei paz à vossa terra e vosso sono não será perturbado. Afastarei da terra os animais nocivos, e a espada não passará pela vossa terra. Quando perseguirdes os vossos inimigos, cairão sob vossa espada. Cinco dentre vós perseguirão um cento, e cem dos vossos perseguirão dez mil, e os vossos inimigos cairão sob vossa espada. Eu me voltarei para vós, e vos farei crescer; eu vos multiplicarei e ratificarei a minha aliança convosco. Comereis as colheitas antigas, bem conservadas, e lançareis fora as velhas, para dar lugar às novas. Porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos rejeitará. Andarei entre vós: serei vosso Deus e vós sereis o meu povo. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito para livrar-vos da escravidão. Quebrei as cadeias de vosso jugo e vos fiz andar com a cabeça erguida.

Mas se não me escutardes e não guardardes os meus mandamentos, se desprezardes os meus preceitos e vossa alma aborrecer as minhas leis, de sorte que não pratiqueis todos os meus mandamentos e violeis minha aliança, eis como vos hei de tratar: enviarei terríveis flagelos sobre vós: a tísica e a febre que enfraquecerão vossa vista e vos farão desfalecer. Debalde semeareis a vossa semente, porque vossos inimigos a comerão. Voltarei minha face contra vós e sereis vencidos pelos vossos inimigos: eles vos dominarão, e fugireis sem que ninguém vos persiga. Se nem ainda assim me ouvirdes, castigarei sete vezes mais pelos vossos pecados. Quebrarei o orgulho de vosso poder, tornarei o vosso céu como ferro e a vossa terra como bronze. Inutilmente se gastará a vossa força, pois vossa terra não dará os seus produtos, e as árvores da terra não produzirão os seus frutos. Se me puserdes obstáculos e não quiserdes ouvir-me, vos ferirei sete vezes mais, conforme os vossos pecados. Mandarei contra vós as feras do campo, que devorarão vossos filhos, matarão vossos animais e vos reduzirão a um pequeno número, de modo que os vossos caminhos se tornarão desertos. Se apesar desses castigos não vos quiserdes corrigir, e vos obstinardes em resistir-me, eu vos resistirei por minha vez e vos ferirei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados. Farei cair sobre vós a espada para vingar a minha aliança. Se vos ajuntardes em vossas cidades, lançarei a peste no meio de vós e sereis entregues nas mãos de vossos inimigos. Quando eu vos tirar o sustentáculo do pão, dez mulheres o cozerão em um só forno e vo-lo entregarão por peso: comereis e não ficareis saciados. Se, apesar disso, não me ouvirdes, e me resistirdes ainda, marcharei contra vós em meu furor e vos castigarei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados. Comereis a carne de vossos filhos e de vossas filhas. Destruirei vossos lugares altos e quebrarei vossas imagens do sol; amontoarei vossos cadáveres sobre os de vossos ídolos e minha alma vos abominará. Reduzirei a deserto as vossas cidades, devastarei vossos santuários e não aspirarei mais o suave odor de vossos perfumes. Desolarei vossa terra e vossos inimigos ficarão estupefatos com ela quando a habitarem. Eu vos dispersarei entre as nações, e desembainharei a espada atrás de vós; vossa terra será devastada e vossas cidades se tornarão desertas.

Então gozará a terra os seus sábados enquanto durar a sua solidão, quando estiverdes na terra de vossos inimigos; então a terra gozará os seus sábados e repousará. Nos dias em que for devastada, ela terá o repouso que não gozou nos sábados do tempo em que a habitáveis. Naqueles dentre vós que sobreviverem, porei tal espanto em seus corações na terra de seus inimigos, que o ruído de uma folha agitada pelo vento os porá em fuga: fugirão como se foge diante da espada e cairão sem que ninguém os persiga. Sem que ninguém os persiga, tropeçarão uns sobre os outros, como diante da espada. Não podereis resistir diante de vossos inimigos. Perecereis entre as nações e a terra inimiga vos consumirá. Os que sobreviverem definharão por causa de suas iniquidades na terra de seus inimigos, e serão também consumidos por causa das iniquidades de seus pais, que levarão sobre si. Eles confessarão, então, as suas iniquidades e as de seus pais, as transgressões cometidas contra mim, porque me resistiram; e, por isso, eu também lhes resisti e os levei para a terra de seus inimigos. Se, então, humilharem o seu coração incircunciso e sofrerem a pena de sua iniquidade, eu me lembrarei de minha aliança com Jacó, de minha aliança com Isaac e com Abraão, e me lembrarei dessa terra. E, depois que eles a tiverem deixado, essa terra gozará os seus sábados enquanto for devastada longe deles; eles sofrerão a pena de suas iniquidades, porque desprezaram os meus mandamentos e a sua alma feriu minhas leis. Apesar de tudo isso, quando estiverem na terra de seus inimigos, não os rejeitarei, nem os abominarei a ponto de exterminá-los e de romper minha aliança com eles; porque eu sou o Senhor, seu Deus. Eu me lembrarei de minha aliança com seus pais, quando os tirei do Egito à vista das nações, para ser o seu Deus. Eu sou o Senhor.” (Lv 26, 1-45).