Pode um rito de Missa ter danças?
1) Conforme Manual dos Acólitos etc:
1- Que é liturgia?
É o conjunto dos ritos prescritos
[determinados/ordenados] pela Igreja para o exercício do culto público.
No antigo Testamento, a ordenação dos ritos
era transmitida por Deus a Moisés e outros Profetas. No Novo Testamento, é a
Igreja que cuida desta ordenação, porém não de forma arbitrária, mas seguindo a
Revelação que dos Apóstolos recebera, isto é, Escritura e Tradição.
A Liturgia não é para atender necessidades,
interesses ou objetivos humanos, mas sim para atender a uma “necessidade”
divina de Deus que pede e exige culto. O culto Dele tem que ser como Lhe
agrada, e não como agrada aos povos; daí, ser Ele o próprio autor de Sua
Liturgia.
2- Que são lugares sagrados?
São lugares destinados ao culto divino.
3- Quais são os lugares sagrados?
São as igrejas, os mosteiros, os conventos e
os cemitérios.
4- Que é a Santa Missa?
É a renovação incruenta do Sacrifício da
Cruz. O Santo Sacrifício da Nova Lei, a renovação do Sacrifício da Cruz, o
centro de toda a Liturgia Católica.
Por isso, São Paulo declara: “Assim, todas as
vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor,
até que venha.” (1 Cor 11, 26).
Na Igreja Católica, não é e nunca fôra a
Missa uma manifestação folclórica, artística ou cultural - de qualquer povo que
seja.
5- Que são as partes fixas da Missa?
São aquelas que se repetem em todas as
Missas.
6- Quais são?
Orações ao pé do altar, Kyrie, Glória, Credo,
Ofertório, Cânon, orações da Comunhão e últimas orações da Missa.
7- Que são as partes móveis da Missa?
São as partes que variam em cada festividade.
8- Quais são?
Intróito, Coletas, Gradual, Aleluia, Trato,
Evangelho, Epístola, Antífona do Ofertório, Secretas, Prefácio, Comunhão e
Post-communio.
9- Qual é a língua litúrgica de toda a Igreja
Ocidental?
Desde a origem do cristianismo foi o latim,
que era falado na Itália, na África e nas províncias do Ocidente, conquistadas
pelo exército romano.
Frise-se que o Rito é Romano; não é
brasileiro, italiano, português, africano, guarani etc.
10- Quais são as finalidades da Missa?
A Santa Missa é o sacrifício do Corpo e do
Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido em nossos altares, em memória do
Sacrifício da Cruz. O Santo Sacrifício da Missa é oferecido: 1º para adorar e
glorificar a Deus; 2º para agradecer a Deus os benefícios recebidos; 3º para
obter de Deus o perdão dos pecados; 4º para pedir a Deus graças e favores.
A Missa é a melhor devoção que um cristão
pode ter: a que mais agrada a Deus; a que mais alivia as almas do purgatório e
que mais graças nos alcança do céu.
2) Colocadas a definição e as finalidades da
Missa, pergunta-se:
Pode um Rito de Missa ter danças?
Absolutamente não. Em rito nenhum, em lugar
nenhum e em tempo nenhum. E onde tenham sido inseridas devem-se retirá-las. Por
quê?
Porque o centro da Missa é a consagração, em
que se realiza de forma incruenta e misteriosa o Sacrifício do Calvário. Todo o
ritual da Missa gravita em torno do Sacrifício de Cristo e, exatamente por
isso, não pode assimilar ou acolher o que seja alheio ou estranho a este
Sacrifício.
Neste sentido, Pio XII, consoante a Tradição
da Igreja, chama a atenção de como os fiéis e Sacerdotes devem participar da Missa,
e isto vale para todos os tempos e todos os ritos da Igreja – o “fogo” ou
sentimento ou intenção ou espírito com que os fiéis devem participar da Missa:
“É necessário, pois, veneráveis irmãos, que
todos os fiéis tenham por seu principal dever e suma dignidade participar do
santo sacrifício eucarístico, não com assistência passiva, negligente e
distraída, mas com tal empenho e fervor que os ponha em contato íntimo com o
sumo sacerdote, como diz o Apóstolo: ‘Tende em vós os mesmos sentimentos que
Jesus Cristo experimentou’ (Fl 2,5), oferecendo com ele e por ele,
santificando-se com ele.” (Pio XII, Mediator
Dei, n. 73).
“É bem verdade que Jesus Cristo é sacerdote,
mas não para si mesmo, e sim para nós, apresentando ao Eterno Pai os votos e
sentimentos religiosos de todo o gênero humano; Jesus é vítima, mas por nós,
substituindo-se ao homem pecador; ora, o dito do Apóstolo: ‘Alimentai em vós os
mesmos sentimentos que existiram em Jesus Cristo’ exige de todos os cristãos
que reproduzam em si, enquanto está em poder do homem, o mesmo estado de alma
que tinha o divino Redentor quando fazia o sacrifício de si mesmo, a humilde
submissão do espírito, isto é, a adoração, a honra, o louvor e a ação de graças
à majestade suprema de Deus; requer, além disso, que reproduzam em si mesmos as
condições da vítima: a abnegação de si conforme os preceitos do evangelho, o
voluntário e espontâneo exercício da penitência, a dor e a expiação dos
próprios pecados. Exige, em uma palavra, a nossa morte mística na cruz com
Cristo, de modo que possamos dizer com Paulo: ‘Estou crucificado com Cristo na
cruz’ (Gl 2,19)” (Pio XII, Mediator Dei,
n. 74).
“Fazei, Senhor, que participemos do Santo
Sacrifício com a mesma fé e o mesmo amor que tiveram os Apóstolos, quando
assistiram à sua instituição e também com o mesmo espírito de sacrifício e de
reparação que teve a Santíssima Virgem Maria, quando assistiu, ao pé da Cruz, à
Paixão e Morte de seu Divino Filho” (S. Afonso de Ligório).
Neste sentido, a Igreja Católica sempre
proibira a inserção nos ritos não somente de danças típicas, mas também de tudo
o que é alheio ao Sacrifício da Missa. Lembrando que não somente os nativos da
África como também os da América, Europa e Ásia possuem suas festas, danças,
músicas, instrumentos musicais, folclore etc.
3) Necessário se faz passar pelas narrativas
do Evangelho:
“No primeiro dia dos ázimos, os discípulos
aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: ‘Onde queres que preparemos a ceia
pascal?’. Respondeu-lhes Jesus: ‘Ide à cidade, à casa de um tal, e dizei-lhe: O
Mestre manda dizer-te: Meu tempo está próximo. É em tua casa que celebrarei a
Páscoa com meus discípulos’. Os discípulos fizeram o que Jesus tinha ordenado e
prepararam a Páscoa. Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze
discípulos. Durante a ceia, disse: ‘Em verdade vos digo: um de vós me há de
trair’. Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: ‘Sou eu, Senhor?’.
Respondeu ele: ‘Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá. O Filho
do Homem vai, como dele está escrito. (...)’. Durante a refeição, Jesus tomou o
pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é
meu corpo’. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: ‘Bebei
dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por
muitos homens em remissão dos pecados. Digo-vos: doravante não beberei mais
desse fruto da vinha até o dia em que o beberei de novo convosco no Reino de
meu Pai’. Depois do canto dos Salmos, dirigiram-se eles para o monte das Oliveiras.
Disse-lhes então Jesus: ‘Esta noite serei para todos vós uma ocasião de queda;
porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas
(Zc 13, 7). Mas, depois da minha Ressurreição, eu vos precederei na Galiléia’.
Pedro interveio: ‘Mesmo que sejas para todos uma ocasião de queda, para mim
jamais o serás’. Disse-lhe Jesus: ‘Em verdade te digo: nesta noite mesma, antes
que o galo cante, três vezes me negarás’ (...) Retirou-se Jesus com eles para
um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: ‘Assentai-vos aqui, enquanto eu vou
ali orar’. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a
entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: ‘Minha alma está triste até
a morte. Ficai aqui e vigiai comigo’. Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com
a face por terra, assim rezou: ‘Meu Pai, se é possível, afasta de mim este
cálice! Todavia, não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres’. Foi ter
então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: ‘Então, não pudestes
vigiar uma hora comigo... Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O
espírito está pronto, mas a carne é fraca’. Afastou-se pela segunda vez e orou,
dizendo: ‘Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba,
faça-se a tua vontade!’. Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque
seus olhos estavam pesados. Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as
mesmas palavras. Voltou, então, para os seus discípulos e disse-lhes: ‘Dormi
agora e repousai! Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos
pecadores... Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui’.” (Mt
26, 17-46)
“No primeiro dia dos Ázimos, em que se
imolava a Páscoa, perguntaram-lhe os discípulos: ‘Onde queres que preparemos a
refeição da Páscoa?’. Ele enviou dois de seus discípulos, dizendo: ‘Ide à
cidade (...) dizei ao dono da casa: O Mestre pergunta: Onde está a sala em que
devo comer a Páscoa com os meus discípulos? E ele vos mostrará uma grande sala
no andar superior, mobiliada e pronta. Fazei ali os preparativos’. Partiram os
discípulos para a cidade e acharam tudo como Jesus lhes havia dito, e
prepararam a Páscoa. Chegando a tarde, dirigiu-se ele para lá com os Doze. E
enquanto estavam sentados à mesa e comiam, Jesus disse: ‘Em verdade vos digo:
um de vós que come comigo me há de entregar’. Começaram a entristecer-se e a
perguntar-lhe, um após outro: ‘Porventura sou eu?’. Respondeu-lhes ele: ‘É um
dos Doze, que se serve comigo do mesmo prato. O Filho do Homem vai, segundo o que
dele está escrito...’. Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o
benzer, partiu-o e deu-lhe, dizendo: ‘Tomai, isto é o meu corpo’. Em seguida,
tomou o cálice, deu graças e apresentou-lhe, e todos dele beberam. E
disse-lhes: ‘Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por
muitos. Em verdade vos digo: já não beberei do fruto da videira até aquele dia
em que o beberei de novo no Reino de Deus’. Terminado o canto dos Salmos,
saíram para o monte das Oliveiras. E Jesus disse-lhes: ‘Vós todos vos
escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas serão
dispersas (Zc 13, 7). Mas depois que eu ressurgir, eu vos precederei na
Galiléia’. Entretanto, Pedro lhe respondeu: ‘Ainda que todos se escandalizem de
ti, eu, porém, nunca!’. Jesus disse-lhe: ‘Em verdade te digo: hoje, nesta mesma
noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me terás negado’ (...)
Foram em seguida para o lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a seus
discípulos: ‘Sentai-vos aqui, enquanto vou orar’. Levou consigo Pedro, Tiago e
João; e começou a ter pavor e a angustiar-se. Disse-lhes: ‘A minha alma está
numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai’. Adiantando-se alguns passos, prostrou-se
com a face por terra e orava que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.
‘Aba! (Pai!), suplicava ele. Tudo te é possível; afasta de mim este cálice!
Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres.’. Em seguida, foi
ter com seus discípulos e achou-os dormindo. Disse a Pedro: ‘Simão, dormes? Não
pudeste vigiar uma hora! Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois
o espírito está pronto, mas a carne é fraca’. Afastou-se outra vez e orou,
dizendo as mesmas palavras. Voltando, achou-os de novo dormindo, porque seus
olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. Voltando pela terceira
vez, disse-lhes: ‘Dormi e descansai. Basta! Veio a hora! O Filho do Homem vai
ser entregue nas mãos dos pecadores. Lenvantai-vos e vamos! Aproxima-se o que
me há de entregar’.” (Mc 14, 12-42)
“Raiou o dia dos pães sem fermento, em que se
devia imolar a Páscoa. Jesus enviou Pedro e João, dizendo: ‘Ide e preparai-nos
a ceia da Páscoa’ (...) Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e
prepararam a Páscoa. Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os
apóstolos. Disse-lhes: ‘Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa,
antes de sofrer. Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra
no Reino de Deus’. Pegando o cálice, deu graças e disse: ‘Tomai este cálice e
distribuí-o entre vós. Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da
videira, até que venha o Reino de Deus’. Tomou em seguida o pão e depois de ter
dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por
vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois
de cear, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado
por vós... . Entretanto, eis que a mão de quem me trai está à mesa comigo. O
Filho do Homem vai, segundo o que está determinado...’ (...) Pedro disse-lhe:
‘Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte’.
Jesus respondeu-lhe: ‘Digo-te, Pedro, não cantará hoje o galo, até que três
vezes hajas negado que me conheces’ (...) Conforme o seu costume, Jesus saiu
dali e dirigiu-se para o monte das Oliveiras, seguido dos seus discípulos. Ao
chegar àquele lugar, disse-lhes: ‘Orai para que não caiais em tentação’. Depois
se afastou deles à distância de um tiro de pedra e, ajoelhando-se, orava: ‘Pai,
se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha
vontade, mas sim a tua’. Apareceu-lhe então um anjo do céu para confortá-lo.
Ele entrou em agonia e orava ainda com mais instância, e seu suor tornou-se
como gotas de sangue a escorrer pela terra. Depois de ter rezado, levantou-se,
foi ter com os discípulos e achou-os adormecidos de tristeza. Disse-lhes: ‘Por
que dormis? Levantai-vos, orai, para não cairdes em tentação’. Ele ainda
falava, quando apareceu uma multidão de gente; e à testa deles vinha um dos
Doze...” (Lc 22, 7-47)
COMENTÁRIO: Existe no que fora narrado algum
indício ou clima ou motivo ou espírito ou sentimento para festa, comemoração,
“alegria” ou danças?