segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Pode um rito de Missa ter danças?


Pode um rito de Missa ter danças?

1) Conforme Manual dos Acólitos etc:

1- Que é liturgia?

É o conjunto dos ritos prescritos [determinados/ordenados] pela Igreja para o exercício do culto público.

No antigo Testamento, a ordenação dos ritos era transmitida por Deus a Moisés e outros Profetas. No Novo Testamento, é a Igreja que cuida desta ordenação, porém não de forma arbitrária, mas seguindo a Revelação que dos Apóstolos recebera, isto é, Escritura e Tradição.

A Liturgia não é para atender necessidades, interesses ou objetivos humanos, mas sim para atender a uma “necessidade” divina de Deus que pede e exige culto. O culto Dele tem que ser como Lhe agrada, e não como agrada aos povos; daí, ser Ele o próprio autor de Sua Liturgia.

2- Que são lugares sagrados?

São lugares destinados ao culto divino.

3- Quais são os lugares sagrados?

São as igrejas, os mosteiros, os conventos e os cemitérios.

4- Que é a Santa Missa?

É a renovação incruenta do Sacrifício da Cruz. O Santo Sacrifício da Nova Lei, a renovação do Sacrifício da Cruz, o centro de toda a Liturgia Católica.

Por isso, São Paulo declara: “Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha.” (1 Cor 11, 26).

Na Igreja Católica, não é e nunca fôra a Missa uma manifestação folclórica, artística ou cultural - de qualquer povo que seja.

5- Que são as partes fixas da Missa?

São aquelas que se repetem em todas as Missas.

6- Quais são?

Orações ao pé do altar, Kyrie, Glória, Credo, Ofertório, Cânon, orações da Comunhão e últimas orações da Missa.

7- Que são as partes móveis da Missa?

São as partes que variam em cada festividade.

8- Quais são?

Intróito, Coletas, Gradual, Aleluia, Trato, Evangelho, Epístola, Antífona do Ofertório, Secretas, Prefácio, Comunhão e Post-communio.

9- Qual é a língua litúrgica de toda a Igreja Ocidental?

Desde a origem do cristianismo foi o latim, que era falado na Itália, na África e nas províncias do Ocidente, conquistadas pelo exército romano.

Frise-se que o Rito é Romano; não é brasileiro, italiano, português, africano, guarani etc.

10- Quais são as finalidades da Missa?

A Santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido em nossos altares, em memória do Sacrifício da Cruz. O Santo Sacrifício da Missa é oferecido: 1º para adorar e glorificar a Deus; 2º para agradecer a Deus os benefícios recebidos; 3º para obter de Deus o perdão dos pecados; 4º para pedir a Deus graças e favores.

A Missa é a melhor devoção que um cristão pode ter: a que mais agrada a Deus; a que mais alivia as almas do purgatório e que mais graças nos alcança do céu.

2) Colocadas a definição e as finalidades da Missa, pergunta-se:

Pode um Rito de Missa ter danças?

Absolutamente não. Em rito nenhum, em lugar nenhum e em tempo nenhum. E onde tenham sido inseridas devem-se retirá-las. Por quê?

Porque o centro da Missa é a consagração, em que se realiza de forma incruenta e misteriosa o Sacrifício do Calvário. Todo o ritual da Missa gravita em torno do Sacrifício de Cristo e, exatamente por isso, não pode assimilar ou acolher o que seja alheio ou estranho a este Sacrifício.

Neste sentido, Pio XII, consoante a Tradição da Igreja, chama a atenção de como os fiéis e Sacerdotes devem participar da Missa, e isto vale para todos os tempos e todos os ritos da Igreja – o “fogo” ou sentimento ou intenção ou espírito com que os fiéis devem participar da Missa:

“É necessário, pois, veneráveis irmãos, que todos os fiéis tenham por seu principal dever e suma dignidade participar do santo sacrifício eucarístico, não com assistência passiva, negligente e distraída, mas com tal empenho e fervor que os ponha em contato íntimo com o sumo sacerdote, como diz o Apóstolo: ‘Tende em vós os mesmos sentimentos que Jesus Cristo experimentou’ (Fl 2,5), oferecendo com ele e por ele, santificando-se com ele.” (Pio XII, Mediator Dei, n. 73).

“É bem verdade que Jesus Cristo é sacerdote, mas não para si mesmo, e sim para nós, apresentando ao Eterno Pai os votos e sentimentos religiosos de todo o gênero humano; Jesus é vítima, mas por nós, substituindo-se ao homem pecador; ora, o dito do Apóstolo: ‘Alimentai em vós os mesmos sentimentos que existiram em Jesus Cristo’ exige de todos os cristãos que reproduzam em si, enquanto está em poder do homem, o mesmo estado de alma que tinha o divino Redentor quando fazia o sacrifício de si mesmo, a humilde submissão do espírito, isto é, a adoração, a honra, o louvor e a ação de graças à majestade suprema de Deus; requer, além disso, que reproduzam em si mesmos as condições da vítima: a abnegação de si conforme os preceitos do evangelho, o voluntário e espontâneo exercício da penitência, a dor e a expiação dos próprios pecados. Exige, em uma palavra, a nossa morte mística na cruz com Cristo, de modo que possamos dizer com Paulo: ‘Estou crucificado com Cristo na cruz’ (Gl 2,19)” (Pio XII, Mediator Dei, n. 74).

“Fazei, Senhor, que participemos do Santo Sacrifício com a mesma fé e o mesmo amor que tiveram os Apóstolos, quando assistiram à sua instituição e também com o mesmo espírito de sacrifício e de reparação que teve a Santíssima Virgem Maria, quando assistiu, ao pé da Cruz, à Paixão e Morte de seu Divino Filho” (S. Afonso de Ligório).

Neste sentido, a Igreja Católica sempre proibira a inserção nos ritos não somente de danças típicas, mas também de tudo o que é alheio ao Sacrifício da Missa. Lembrando que não somente os nativos da África como também os da América, Europa e Ásia possuem suas festas, danças, músicas, instrumentos musicais, folclore etc.

3) Necessário se faz passar pelas narrativas do Evangelho:

“No primeiro dia dos ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: ‘Onde queres que preparemos a ceia pascal?’. Respondeu-lhes Jesus: ‘Ide à cidade, à casa de um tal, e dizei-lhe: O Mestre manda dizer-te: Meu tempo está próximo. É em tua casa que celebrarei a Páscoa com meus discípulos’. Os discípulos fizeram o que Jesus tinha ordenado e prepararam a Páscoa. Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze discípulos. Durante a ceia, disse: ‘Em verdade vos digo: um de vós me há de trair’. Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: ‘Sou eu, Senhor?’. Respondeu ele: ‘Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá. O Filho do Homem vai, como dele está escrito. (...)’. Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é meu corpo’. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: ‘Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados. Digo-vos: doravante não beberei mais desse fruto da vinha até o dia em que o beberei de novo convosco no Reino de meu Pai’. Depois do canto dos Salmos, dirigiram-se eles para o monte das Oliveiras. Disse-lhes então Jesus: ‘Esta noite serei para todos vós uma ocasião de queda; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas (Zc 13, 7). Mas, depois da minha Ressurreição, eu vos precederei na Galiléia’. Pedro interveio: ‘Mesmo que sejas para todos uma ocasião de queda, para mim jamais o serás’. Disse-lhe Jesus: ‘Em verdade te digo: nesta noite mesma, antes que o galo cante, três vezes me negarás’ (...) Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: ‘Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar’. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: ‘Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo’. Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: ‘Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres’. Foi ter então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: ‘Então, não pudestes vigiar uma hora comigo... Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca’. Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: ‘Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!’. Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Voltou, então, para os seus discípulos e disse-lhes: ‘Dormi agora e repousai! Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores... Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui’.” (Mt 26, 17-46)

“No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava a Páscoa, perguntaram-lhe os discípulos: ‘Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa?’. Ele enviou dois de seus discípulos, dizendo: ‘Ide à cidade (...) dizei ao dono da casa: O Mestre pergunta: Onde está a sala em que devo comer a Páscoa com os meus discípulos? E ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, mobiliada e pronta. Fazei ali os preparativos’. Partiram os discípulos para a cidade e acharam tudo como Jesus lhes havia dito, e prepararam a Páscoa. Chegando a tarde, dirigiu-se ele para lá com os Doze. E enquanto estavam sentados à mesa e comiam, Jesus disse: ‘Em verdade vos digo: um de vós que come comigo me há de entregar’. Começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe, um após outro: ‘Porventura sou eu?’. Respondeu-lhes ele: ‘É um dos Doze, que se serve comigo do mesmo prato. O Filho do Homem vai, segundo o que dele está escrito...’. Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-lhe, dizendo: ‘Tomai, isto é o meu corpo’. Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lhe, e todos dele beberam. E disse-lhes: ‘Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos. Em verdade vos digo: já não beberei do fruto da videira até aquele dia em que o beberei de novo no Reino de Deus’. Terminado o canto dos Salmos, saíram para o monte das Oliveiras. E Jesus disse-lhes: ‘Vós todos vos escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas (Zc 13, 7). Mas depois que eu ressurgir, eu vos precederei na Galiléia’. Entretanto, Pedro lhe respondeu: ‘Ainda que todos se escandalizem de ti, eu, porém, nunca!’. Jesus disse-lhe: ‘Em verdade te digo: hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me terás negado’ (...) Foram em seguida para o lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a seus discípulos: ‘Sentai-vos aqui, enquanto vou orar’. Levou consigo Pedro, Tiago e João; e começou a ter pavor e a angustiar-se. Disse-lhes: ‘A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai’. Adiantando-se alguns passos, prostrou-se com a face por terra e orava que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. ‘Aba! (Pai!), suplicava ele. Tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres.’. Em seguida, foi ter com seus discípulos e achou-os dormindo. Disse a Pedro: ‘Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora! Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca’. Afastou-se outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras. Voltando, achou-os de novo dormindo, porque seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. Voltando pela terceira vez, disse-lhes: ‘Dormi e descansai. Basta! Veio a hora! O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. Lenvantai-vos e vamos! Aproxima-se o que me há de entregar’.” (Mc 14, 12-42)

“Raiou o dia dos pães sem fermento, em que se devia imolar a Páscoa. Jesus enviou Pedro e João, dizendo: ‘Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa’ (...) Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e prepararam a Páscoa. Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos. Disse-lhes: ‘Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer. Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus’. Pegando o cálice, deu graças e disse: ‘Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus’. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós... . Entretanto, eis que a mão de quem me trai está à mesa comigo. O Filho do Homem vai, segundo o que está determinado...’ (...) Pedro disse-lhe: ‘Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte’. Jesus respondeu-lhe: ‘Digo-te, Pedro, não cantará hoje o galo, até que três vezes hajas negado que me conheces’ (...) Conforme o seu costume, Jesus saiu dali e dirigiu-se para o monte das Oliveiras, seguido dos seus discípulos. Ao chegar àquele lugar, disse-lhes: ‘Orai para que não caiais em tentação’. Depois se afastou deles à distância de um tiro de pedra e, ajoelhando-se, orava: ‘Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua’. Apareceu-lhe então um anjo do céu para confortá-lo. Ele entrou em agonia e orava ainda com mais instância, e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. Depois de ter rezado, levantou-se, foi ter com os discípulos e achou-os adormecidos de tristeza. Disse-lhes: ‘Por que dormis? Levantai-vos, orai, para não cairdes em tentação’. Ele ainda falava, quando apareceu uma multidão de gente; e à testa deles vinha um dos Doze...” (Lc 22, 7-47)

COMENTÁRIO: Existe no que fora narrado algum indício ou clima ou motivo ou espírito ou sentimento para festa, comemoração, “alegria” ou danças?